VIRGÍLIO NASCIMENTO
São Tomé do Jalapão, Brasil,1935, noite fria do mês de junho, enquanto isso o povo eufórico, trabalha incansavelmente nos preparativos para a festa comunitária da cidade. É costumeira nessa época do ano, uma tradicional festa junina, regada a muita canjica, quentão, sem falar da tradicional queima de fogos e da quadrilha, que era marcada pelo senhor Benedito de Oliveira, o sô Bené, popularmente conhecido na cidade. Sô Bené; Hum, cabra treteiro e safado, não podia ele ver um rabo de saia, que se derretia todinho, principalmente quando via a dona Clementina, mulher do coronel Chico Honorato, cabra respeitado na cidade.
Dizem as más línguas da cidade que inté o sô Bené, anda arrastando asa pela Clementina; Ai, ai meu DEUS, isso num vai prestá, tô inté vendo. Pois bem, conforme eu dizia o povo preparava a festa se São Tomé, dizem que essa festa arrastava pra cidade uma multidão de toda parte do país, é lasqueira, a coisas ficavam boas nessa festa, sô. E diziam que muita gente ia nessa festa mode arrumar casamento, num faiaiva, era tiro e queda.
Havia na cidade uma lenda, quem bebesse da água do poço de São Tomé junta com a pessoa que ama, num passava outra festa sozinha e isso é verdade, tá aí o sô Bené que não me deixa minti, arri égua sô, resolveu espremetar dessa água e chamou a dona Clementina para beber com ele.
Ai, aiai, foi aí que o caldo entornou, a casa do Bené caiu. A causo foi para nos ovidos do coroné Honorato, ai meu DEUS, foi aí que o seu Bené viu a onça bebe água e a porca torcer o rabo.
Coroné Honorato, juntou seu cabras, cabras maus e que se dispunha a fazer quarquer coisa pro corné Honorato, num é que os cabras do coroné Honorato juntou o seu Bené e deu um corretivo no cabra treteiro e depois jogou o bicho na porta da delegacia.
Quando o seu delegado, o Dr. Viriato saia com sua tropa para atender a diligência, lá estava seu Bené estirado no chão na porta da delegacia, entre a vida e a morte, espantado o delegado levou o cabra tetreiro pro pronto socorro e começou a assunta sobre o causo. E logo, logo já tava ele sabendo que seu Bené tinha convidado a dona Clementina pra beber a água da fonte de São Tomé.
O delegado foi atrás do coroné Honorato, que jurou de pé junto que num tinha feito nada com o cabra treteiro. E o delegado sem poder fazer nada, pois o corné Honorato é quem paga o salário dele, assim o delegado resolveu inventar uma lenda para abafar o caso.
Diz o delegado que São Tomé se zangou com o seu Bené e mandou umas armas de outro mundo dá uma surra no seu Bené e também que a partir daquele dia, todo cabra tetreiro que se atrevesse com muié casada naquele lugar, São Tomé mandava as armas de outro mundo dar um surra.
Assim o seu Bené saiu do hospital e foi obrigado a confirmar essa história para toda cidade, em troca o delegado e o corné Honorato pouparia o couro dele. E até hj nessa cidade, conta-se estória que São Tomé é o protetor das muiè, contra os cabras treteiro, seu Bené que o diga, oh, se!
VIRGÍLIO NASCIMENTO
18/01/12