TEIXEIRA, Andréia[1]
RESUMO
Este artigo apresenta uma
experiência que estimula os estudos no campo da linguagem, bem como na avaliação
educacional. O objetivo é investigar o letramento digital dos alunos do
3º ano do Ensino Médio. Para tanto, os participantes da pesquisa são 35 alunos
e 1 professora. A coleta de dados realizou-se em duas etapas: observação no
laboratório de informática e aplicação de questionário virtual. Os resultados evidenciaram que os alunos do 3º ano
já consolidaram algumas habilidades leitoras no suporte digital.
Palavras-chave: Linguagem.
Ensino Médio. Avaliação Educacional.
1 INTRODUÇÃO
Os atuais estudos
no campo da Linguagem, em âmbito nacional, caracterizam-se pela discussão do letramento digital. Entendido como uma prática social, o letramento
digital pressupõe a capacidade de ler e escrever textos, com desenvoltura, em
suportes digitais, bem como na tela digital (COSCARELLI, 2011; GOMES, 2014). Nessa
perspectiva de estudo, este artigo aborda uma experiência realizada no espaço
de ensino-aprendizagem de leitura de uma escola pública da Região Metropolitana
de Belo Horizonte.
O objetivo principal é investigar o letramento
digital dos alunos do 3º ano do Ensino Médio. Tal investigação torna-se
essencial para compreender as práticas pedagógicas que têm o letramento digital
como objeto de pesquisa vinculado ao ensino de leitura e às práticas de avaliação.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA e Desenvolvimento
Para o desenvolvimento da pesquisa, optou-se por utilizar a
abordagem sócio-histórica, orientada pela metodologia de pesquisa qualitativa a
partir da colaboração de Bakhtin (2003; 2011); Bakhtin e Volochinov (1929/1981);
Coscarelli (2011) e Gomes (2014). A escolha dessa perspectiva ocorreu em função
da base teórica advinda das contribuições de Bakhtin (1929/1981,
1952-53/2003-11) e Vygotsky (1988/2001,1987) porque, fundamentalmente,
depositam nas relações sociointerativas e na linguagem as bases da construção e
da aprendizagem.
Coerente com tal perspectiva, e a fim de conhecer as habilidades
leitoras dos alunos no suporte digital, a pesquisa foi realizada durante o mês
de novembro de 2014 em uma turma do 3º ano do Ensino Médio, na Escola Estadual
Dom Cirilo de Paula Freitas, localizada na cidade de Raposos, Minas
Gerais. Os participantes da pesquisa foram 35 alunos, sendo 16
mulheres, 19 homens, além de 1 professora. A coleta de dados realizou-se em
duas etapas: observação participante no laboratório de informática e aplicação
de questionário virtual.
Na
primeira etapa da pesquisa, foi observada uma atividade prática no laboratório
de informática. O objetivo era trabalhar a linguagem a partir da concepção de
letramento digital e, por isso, quatro alunos foram
escolhidos e levados ao laboratório de informática para realizarem uma
avaliação virtual. Ao chegar ao laboratório, a professora proporcionou uma
atividade interativa, enviando, naquele momento, um e-mail aos
participantes. A utilização desse procedimento foi “uma boa pedida”, como
afirma Coscarelli (2011, p. 37), pois “contribui para o letramento digital dos
alunos” (p. 34), e eles realmente gostam desse tipo de atividade
correspondendo-a positivamente. (COSCARELLI, 2011).
Em seguida foi pedido aos
alunos que acessassem o e-mail,
abrissem a atividade virtual e realizassem a leitura atentamente. Segundo a
professora, os estudantes deveriam preencher o cabeçalho usando as ferramentas
virtuais, ler as questões propostas e marcar a alternativa correta alterando a
cor da fonte através do menu Cor da
fonte, do editor de texto do Word
online. Ao final da última questão, havia uma informação solicitando ao
aluno que clicasse em um link que o
direcionava para a página do gabarito oficial que deveria ser marcado. O tempo
estipulado para a atividade era de 30 minutos e todos conseguiram cumpri-la
dentro do prazo determinado.
Carol [2] era
a mais calma. Ela estava atenta a tudo e esperou no seu lugar que a professora
concluísse todos os recados, para, assim, dar início a sua atividade. O
interessante é que a garota foi a última a terminar. Via-se na estudante o
cuidado ao ler e voltar ao texto buscando as respostas. Dessa maneira, ela
precisou de 28 minutos para concluir a tarefa.
Bruno foi o último a iniciar a atividade, porque precisou acessar o seu e-mail com outro ID. Ele até tentou iniciar a atividade usando os recursos do Gmail, mas como não conseguiu, resolveu usar a conta do Outlook. Desse modo, o aluno teve êxito e assim iniciou a tarefa, concluindo-a com 27 minutos.
Anne foi a primeira a iniciar a tarefa. Ela estava muito ansiosa e já queria ler as atividades antes de a professora autorizar o início. No entanto, acalmou-se, e ao sinal da docente começou a ler as orientações e os textos. Ela precisou de 26 minutos para concluir a atividade.
3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
A partir das observações realizadas no
laboratório de informática, evidenciou-se que para utilizar as tecnologias
digitais os alunos precisam dominar as habilidades básicas de leitura. Durante
a atividade, esses alunos demonstraram domínio nas tarefas propostas pela
professora, além de apresentarem desempenho satisfatório nas proposições.
Identificou-se, também, a familiaridade deles com o computador e com os textos
no ambiente digital. Esse foi um fator positivo, mostrando que a prática faz
parte do cotidiano dos estudantes e da qual realmente gostam muito. Além disso,
os alunos reconhecem a atividade como prazerosa, e se envolvem intensamente na
leitura virtual.
A
segunda etapa da investigação ocorreu através da aplicação de um questionário virtual
que foi respondido pelos 32 alunos que permaneceram frequentes durante todo o
período da pesquisa.
Ao analisar os dados
respondidos pelo questionário, observou-se que a faixa etária entre os
participantes variava: (6%) são jovens de dezesseis anos, (25%) têm dezoito e a
grande maioria (69%) deles têm dezessete anos. Dos respondentes, (84%) gostam de
ler, e leem com frequência, textos pertencentes aos mais variados gêneros. Além
disso, evidenciou-se, também, que todos possuem um dispositivo computacional e
acesso à internet, utilizando-a por
mais de 4 horas por dia. Segundo os dados, os alunos leem na tela virtual
assuntos que contemplam esporte (19%), cultura (22%), lazer (31%) e outros
(28%).
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente estudo,
evidenciou-se que para utilizar as tecnologias digitais, os alunos possuem as
habilidades básicas necessárias. Constata-se
que eles estão inseridos no atual contexto dos “nativos digitais” e
possuem acesso a vários dispositivos computacionais, conforme foi atestado no
questionário virtual. Como a prática de leitura faz parte do seu cotidiano, os
alunos se envolvem efetivamente nas atividades virtuais e constroem os seus
saberes por meio delas.
Para finalizar,
é fundamental ressaltar sobre a importância do papel mediador do professor
em sala, a fim de desenvolver o gosto pela leitura e, principalmente, o
letramento digital dos alunos, tendo em vista o exercício
pleno da cidadania.
REFERÊNCIA
BAKHTIN, M.M;
VOLOCHINOV, N.V. Marxismo e filosofia da
linguagem. 6ª ed. São Paulo: Hucitec, 1929/1981.
BAKHTIN,
M.M. Os gêneros do discurso. In:
Estética da Criação Verbal. Paulo Bezerra. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes,
1952-1953/ 2003-11.
COSCARELLI, C. V. Alfabetização
e Letramento Digital. In (Org.)
______; RIBEIRO, A. E. Letramento
Digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. 2ª edição. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011 p.
25-40.
GOMES, S. S. Desafios e
possibilidades do letramento digital na formação inicial do professor em curso
a distância. In: (Org.) GOMES, S. S; TAVARES. R. H. Sociedade educação e redes: desafios à formação
crítica. 1ª Ed. Araraquara, São Paulo: Junqueira & Marin, 2014, p. 333-363.
[1] Mestranda do Programa
de Pós-Graduação Stricto Sensu - Mestrado
Profissional Educação e Docência - PROMESTRE (FaE/UFMG). Pós-Graduada em Língua
Portuguesa, Leitura e Produção de Texto. Professora de Português da Rede
Estadual de Minas Gerais. Artigo vinculado ao projeto de pesquisa “O PROEB na Rede Estadual de Minas Gerais:
Impactos Provocados na Prática Docente do Ensino Médio”. Orientadora: Profa.
Dra. Suzana dos Santos Gomes.
[2] Para preservar a identidade dos
alunos, optou-se por atribuir nomes fictícios.
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